Dois dias depois de o "Estado" denunciar a morte de índios xavantes em Mato Grosso, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Seasi), do Ministério da Saúde, assinou convênio no valor de R$ 2,07 milhões para contratar, com a ONG Organização Nossa Tribo, 104 novos profissionais de saúde para Campinápolis - a cidade onde as mortes ocorreram.
Enquanto isso, oito crianças continuam internadas, em estado crítico, com sintomas de pneumonia, desnutrição e desidratação, no hospital da cidade. Outros 73 índios estão na Casa de Apoio à Saúde do Índio (Casai). Como revelou o jornal no fim de semana, oito xavantes morreram nos primeiros sete dias de janeiro.
Das 2 mil crianças nascidas em 20o9, 60 morreram de doenças respiratórias, parasitárias e infecciosas - mas esse número pode ser bem maior, segundo o secretário de Saúde de Campinápolis, João Ailton Barbosa. "Os índios estão abandonados nas aldeias. Esses dados são apenas dos casos que chegam à sede do município", advertiu o secretário.
O quadro é preocupante, afirma Barbosa. "Não tem agente de saúde, as equipes estão incompletas". O hospital de Barra do Garças, referência para a cidade, não tem pediatra e não aceita mais cuidar das crianças indígenas. Uma ambulância da Funasa está parada no pátio, por causa de uma correia do alternador "que deve custar no máximo R$ 25 e ninguém toma providência", acrescenta.
Mais carros. Com o reforço de funcionários, a ONG Nossa Tribo passará a contar com 504 pessoas para atender os xavantes. Em nota que divulgou depois da publicação da denúncia pelo Estado, a Secretaria de Saúde dizia ter providenciado a compra de seis novos carros e feito contrato com uma empresa para manutenção da frota. "Com isso, será possível - diz a nota - colocar em campo os 15 veículos atualmente parados por falta de reparo."
O secretário de Saúde de Campinápolis adverte, porém, que "muitos índios ainda vão morrer" até o dinheiro chegar. Em novembro, Barbosa havia pedido ajuda em uma Carta Aberta enviada à Secretaria de Estado de Saúde e ao Congresso. Não obteve nenhum retorno.
Em Cuiabá, a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde de Mato Grosso divulgou nota, na terça-feira, dizendo que o secretário estava colocando à disposição do município de Campinápolis, e do Ministério da Saúde, "equipes técnicas na contribuição dos trabalhos". 13 de janeiro de 2011 | 0h 00
Fátima Lessa - O Estado de S.Paulo
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