sábado, 11 de setembro de 2010

O Mito do Fogo entre os Timbira do Maranhão


O mito do Fogo dos índios Timbira é uma das historias mais contadas e relembrada por esses índios tanto por fontes de pesquisa como também em seus dia a dia. Tal mito demonstra como os índios conseguiram o fogo.
Segue para nossos leitores tal mito, informando sua importância cultural e estrutural para tais sociedades, demonstrando questões, por exemplo, discutidas por Claude Lévi-Strauss em um dos seus clássicos O Cru e o Cozido, obra primeira das Mitológicas.
Nosso fascínio por tal mito diz respeito a comparação estrutural que fazemos do mesmo com o mito de Prometeus, claro que, não procuramos nos mesmos achar semelhanças e nem queremos aqui colocar estruturas de evolução tecnológica, queremos apenas demonstrar as possíveis necessidades das sociedades e povos em informar como cada um conseguiu passar do Cru para o Cozido.

Tal mito conta a historia de como os índios adquiriram o fogo, roubando o mesmo do Jaguar, sendo que, a partir daquele momento eles deixariam de comer pau podre, e passariam a cozinhar seus alimentos.
O mito começa com o convite de um rapaz ao seu cunhado para irem colher penas de araras em um paredão de pedra típico do cerrado, chegando no paredão o Homem faz uma escada e pede para seu cunhado menino subir e apanhar as penas e ovos de arara que ali estavam, o menino por medo das araras filhotes lhe picarem fica evitando de apanhar o combinado, o Cunhado Homem fica furioso e retira a escada deixando o menino preso ao ninho de arara o qual permanece ali por vários dias até que um Jaguar olha sua sombra e decide lhe ajudar depois do mesmo ter lhe dado os filhotes de arara para comer.
O Jaguar leva o menino para sua casa onde sua esposa encontra-se grávida e começa a se sentir incomodada com a criança que nunca havia visto carne assada ao fogo, não conhecia o fogo e gostou muito do sabor da carne naquelas circunstâncias, o mastigado da criança incomodava o Jaguar fêmea e essa passou a lhe ameaçar mostrando suas presas enormes.
Quando o Jaguar macho chegou e casa depois de mais uma caçada o menino lhe informou o que estava acontecendo e para resolver o problema, o Jaguar Macho lhe ensinou a jogar uma flecha na Jaguar fêmea caso essa lhe ameaçasse novamente. O menino também lhe disse que estava com saudades da sua aldeia e perguntou para que direção era a mesma, o Jaguar macho lhe mostrou e esse ficou a olhar para a direção da aldeia.
Depois de mais uma noite, o Jaguar macho saiu novamente para caçar e a jaguar fêmea se incomodou novamente com o mastigado do menino lhe ameaçando e este por sua vez flechou sua pata e correu para sua aldeia, informando aos outros índios a novidade do fogo, os mesmos então se reuniram e voltaram a prisão do menino, conseguindo roubar o fogo. O Jaguar correu seguindo os índios mais um sapo, com seu grande papo apagava as brasas que ficavam pelo caminho, dessa forma causando a perda do fogo por parte do Jaguar.
Dessa forma, e a partir daquele momento, os animais não poderiam mais ter o domínio do fogo, apenas os índios tinham tal “tecnologia”, assim comendo diferente e se distanciando cada vez mais dos animais, principalmente de seu maior rival, O Jaguar.
(Versão recolhida entre os Apaniekrá Canela do Estado do Maranhão em outubro de 2003, na aldeia Porquinhos, Informante L. Kraiba Velho).

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