sábado, 4 de setembro de 2010

Quando o corpo descansa e a mente trabalha


Não consigo entender como a mente dos antropólogos trabalha, sempre me pergunto qual o momento em que devemos descansar, se existe algum individuo nessa profissão que já tirou férias alguma vez na vida.
Mesmo quando estamos de férias, procuramos observar tudo, força do habitus ou habito, mas, coisas de antropólogo. Ser desse ramo, se podemos assim chamar é algo extremamente interessante, e muitas vezes enfadonho, principalmente quando tentamos descrever, como nos sentimos em relação ao outro, às vezes enxergamos o futuro próximo e mais longínquo do que as outras pessoas, somos chamadas desde o surgimento da antropologia “moderna” para agirmos como advogado do Diabo e isso também causa cansaço.
Penso quase todas as noites onde vou dormir e como, em quais circunstancia, cada noite é uma surpresa. Escrevo isso em nosso Blog apenas como forma de desabafo, como se estivesse em uma noite fria do sertão maranhense com meu caderno vermelho de campo, escrevendo apenas com uma luz de lanterna, nas pernas e tentando não cansar a vista e os ouvidos demais, esperando que mais uma coisa aconteça na aldeia, e tenham certeza que se acontecer, estaremos lá.
O desabafo, suspeito eu, não diz respeito apenas a mim, mas também há alguns colegas, que mesmo não estando em aldeias indígenas, ou quilombos, ou mesmo pequeno povoados, estão em locais, grandes, em cidades e tribos urbanas, com aquele sentimento de insegurança do que venha a acontecer daqui a 30 minutos e sabendo que mesmo em uma cidade, grande, média ou pequena, aquilo ali, também é antropologia e campo de pesquisa.
Sou suspeito em falar de todo isso, atualmente estou enamorando comunidades indígenas “conceitualmente” chamadas de urbanas, e vejo que diferenças são mínimas e se resumem apenas a locais mais ou menos isolados da nossa pseudo-civilização, quando se trata de onde se desenvolve a pesquisa.
Caros amigos, para os que entenderam e para os que não entenderam, uma boa noite e felicidades a todos, que cada um cresça no campo de pesquisa e na etnografia que estiverem fazendo ou traçando, acho que agora elamente vou dormir um pouco.

Um comentário:

Unknown disse...

Olá,Jonaton A, então meu companheiro, assim posso o chamar,se a mim permitir! ao ler seu desabafo,senti inebriada de inumeras sensações, chegando a me enxergar e sentir através de suas palavras...a Tal insegurança, o estado enamorado,o olhar distante e proximo... verdadeiras sensações que só os que Amam o que fazem , podem entender/ perceber e ou pelo menos respeitar, deixando que qdo acontecer, com certeza estaremos lá.Grande abraço, e vamos então dormi um pouco!