domingo, 17 de janeiro de 2016

O mito Timbira da Aldeia Grande (Krih cati)



Durante minha permanência entre os Canelas, Ramkokamekrá e Apanjekrá, fiz questão de dedicar quase metade do meu tempo em estudar a mitologia daqueles povos, que tão parecidos para o senso comum e tão específicos um para o outro, como para nós antropólogos.


Um dos mitos interessantes e de importância maior para minha pesquisa, foi o mito da Aldeia Grande, e a percepção, contextualização para ambos os povos aqui em questão. Procurei verificar como os R-Canela percebiam esse mito e como os A-Canelas também percebiam o mesmo mito. verifiquei e registrei em ambos os povos como cada um descrevia tal mito, por diferentes classes de idade em ambas sociedades, tendo o cuidado de analisar os grupos de classes de idades de cada povos.

O Mito da Aldeia Grande, ou Kricati, fala de uma época remota entre os Timbira, quando todos os povos Timbira viviam em uma harmonia utópica, sem guerras e numa estrutura imensa, em um local que se diferencia de povo para povo quando os mesmos estão detalhando o mito.

Nessa época havia abundância de caça, frutas e todos os ritos e manifestações culturais eram grandiosas. Um certo dia, através de uma brincadeira infantil, duas crianças entraram em conflito e acabaram se ferindo, sendo que uma veio a falecer, e as famílias tiveram que tomar uma atitude para não entrarem em conflito com maior grau.

Famílias intervenientes e de maior prestigio nas celebrações das Festas e ritos interveio e aos poucos, famílias por família solicitaram a retirada das mesmas para regiões diferentes, e cada família que saia do circulo da Grande Aldeia recebiam um nome especifico e de característica própria.

Ao final e como forma de legitimação de auto afirmação como povo autônomo e original, a etnia que encontrava-se relatando o mito, era a etnia de destaque e que permaneceu no local de origem da primeira aldeia timbira, dessa forma, se estivéssemos falando com os R-Canela, os mesmos se colocavam como o povo timbira de origem e da mesma forma os Apanjekrá.

Consideramos tal atitude como já esperada e também temos isso como um padrão mitológico e estrutural, em varias outras sociedades, não só as indígenas. O que nos interessa aqui são os conceitos de surgimento e característicos da sociedade ou melhor da Forma Timbira (Azanha, 1984), o reconhecimento de suas origens como um povo só, tendo em vista a forma circular das aldeias, o corte de cabelo, a língua, os ritos, os mitos, e tantas outras características que compõe e tornam esses povos como únicos.


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