quarta-feira, 20 de maio de 2009

Índio Canela (Apaniekrá) morto em BC com 13 Facadas


Não entendo o que ocorre em Barra do Corda, sabemos de seus progressos socio-culturais e também de sua fama de "Cidade Relativizante", mas as vezes ocorrem casos dos mais bizarros possiveis nessa cidade... Em meu anos de pesquisa entre os índios Apaniekrá, participei de varios rituais, que entre eles, estavam o de Hõpin e Icunõ. O primeiro diz respeito a você e outro individuo se tornarem Hõpin (Compadres), para se chegar a essa situação, temos que se iniciar em um ritual de banho, um de costa para o outro, como com braços entrelassados, bem cedo da manhã, durante o Pepcahàc ou pepjê, são rituais de iniciação masculina, e fiz esse ritual com o Apaniekrá M. L. no ano de 2004, desde então tinhamos que se respeitar de forma extrema, nunca nos falavamos de frente um para o outro e só brincavamos juntos se estivessemos na cidade de Barra do Corda.

Não vou mais poder fazer isso, meu Hõpin foi morto com 13 facadas quando voltava do Bairro Tamarindo, a um mês atrás, creio eu! Fiquei ainda mais triste porque não vejo nenhuma forma de manifestação das autoridades competentes frente a tal ocorrido, mesmo o próprio pai de ML, por uma questão cultural não podia se manifestar até o Cay (Pajé) se manifestar e também tinha que esperar sua situação de Pahhàm (vergonha e dor) para poder pedir providências, todos queremos justiça!

Fiquei pensando em como todos reagiram na aldeia Porquinhos frente a tal situação, ML era filho de um dos maiores lideres (Procumã) daquela comunidade, achamos descaso da opinião pública em não se manifestar. A cidade de Barra do Corda recebeu tal noticia como se fosse a morte de "qualquer coisa", como a COMUNIDADE APANIEKRÁ deve se sentir? e os direitos humanos? como devemos proceder? e se fosse filho de um não-índio, um político de Barra do Corda ou mesmo do Municipio onde fica a aldeia Apanikrá (Fernando Falcão)?

São perguntas que não querem calar.

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