terça-feira, 19 de agosto de 2014







Questões sobre identidade observadas no livro Nômade de Ayaan Hirsi Ali

Depois de um bom tempo ausente de nosso Blog, resolvemos retornar as nossas atividades semanais e jornalísticas referente aos povos indígenas do Maranhão e Brasil. Sempre observando as questões antropológicas, sociológicas e políticas desses povos, tendo em vista o aprofundamento de temas que dizem respeito aos mesmos.
Para nosso retorno, não quero falar sobre uma obra já lida por nós, apenas relatar alguns pontos da obra de Ayaan Hirsi Ali, seu lançamento “Nômade”, onde a mesma trata de suas viagens de exílio, primeiramente para a Holanda e depois para os Estados Unidos, destacando a percepção e ações frente a sua família, Pai, Irmã e Mãe (até onde li, e não consigo parar de ler).
A obra dessa autora, com seus comentários frente ao conceito de homem e mulher, fez-me remeter aos índios Timbira, como as mesmas vivem e se comportam  frente aos homens, o modo de vida dos mesmos, rituais e cultura em geral.
Observamos na obra de Hirsi (2011), o sofrimento das mulheres muçulmanas em se tratando de certos temas de suas sociedades, a impossibilidade de um feminismo ativista entre os mesmos e o destacamento de mulheres para certas ações das esferas daquela sociedade.
Já estivemos em campo com algumas antropólogas e antropólogos que sempre nos questionava o que seria melhor “ser” entre os Canelas, por exemplo, homem ou mulher. E sempre respondíamos que dependia de como e em que circunstância. E acho que essa é a resposta mais plausível.
O homem Timbira (Canela), por exemplo, em seus tempos históricos nasciam e eram treinados para a guerra entre outras sociedades timbira, cresciam e se casavam, sempre honrando e observando sua classe de idade, metades e suas ligações matrilocais. Todos os dias pela manhã tomar dois café da manhã, um em casa de matrimônio e outro na sua casa materna. No final da tarde depois do banho, antes de ir para sua casa matrimonial, outra visita a casa materna, nesse caso, às vezes um lanche antes de seguir.
Relacionamentos extraconjugais eram sempre fruto de perguntas também e a resposta era, para as mulheres essa forma de comportamento era mais fácil, devido aos mecanismos de casamento entre os mesmos e as metades sazonais e de nascimento entre as famílias.
Os plantíos (roças), os homens têm a obrigação de desenvolverem, mais as mesmas têm por donas as esposas e filhas, os setores de plantíos são heranças matrilineares, como antigos locais de grupos de mulheres, o circulo da aldeia é mantido somente através do nascimento das mulheres e suas famílias.
As criticas partem de algumas festas (rituais) entre os mesmos que têm as mulheres como atrizes principais, como por exemplo, (krôjanpin) ou mesmo Festa da Laranja, antagonismos antropológicos. Para algumas feministas tais rituais são distorcidos e alvo de criticas, mesmo assim me pergunto, e em nossas pesquisas nos perguntávamos, se essas mulheres que participam desses ritos são obrigadas a participar....se gostam....quais os sentimentos instigados as mesmas...
Dessa forma, percorro o livro de Ayaan Hirsi Ali (2011) tentando sempre observar esses pontos, e fazendo o quadro de comparação entre as duas perspectivas, que são diferentes, em continentes distantes, momentos afastados, exercícios para a mente e para o relativismo cultural.

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