terça-feira, 1 de junho de 2010

Os Índios estão sendo ouvidos ou alguns índios querem ser ouvidos?


No dia 19 de maio de 2010 fio noticia em vários jornais do Brasil que um Grupo de índios foram impedidos de entrar na Câmara dos Deputados, a noticia foi a seguinte:

Cerca de 150 índios de 12 etnias tentaram invadir hoje (19) a Câmara dos Deputados e foram impedidos por seguranças e servidores da Polícia Penal. No confronto, alguns índios e seguranças ficaram machucados, tiveram as roupas rasgadas e até óculos quebrados. Eles foram pedir a revogação do Decreto 7.056, que reestrutura a Fundação Nacional do Índio (Funai) e reclamaram de não ser ouvidos pelo governo federal em assuntos de seu interesse.
O objetivo dos índios era ir até o plenário da Câmara, mas, após o confronto, eles foram para o plenário da Comissão de Constituição e Justiça, onde apresentaram suas reivindicações a um grupo de deputados. Os índios disseram que suas terras estão sendo invadidas pelo Exército e que não são ouvidos, nem atendidos pelo governo federal no que diz respeito à adoção de políticas de seu interesse.
Os indígenas informaram que estão acampados desde janeiro em Brasília, mas não conseguem ser recebidos pelo presidente da Funai, Márcio Meira. "Cerca de 500 índios estão acampados em Brasília há quatro meses e não conseguem ser ouvidos pelo presidente da Funai, que está sendo protegido pela Força de Segurança Nacional", disse o advogado Arão Lopes, da etnia Arariboia.
Em seguida, em companhia de alguns deputados, um grupo de índios foi recebido pelo presidente em exercício da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que é 1º vice-presidente da Casa. Eles pediram a Maia a revogação do decreto que reestrutura a Funai e fecha vários postos da entidade em todo o país, além da exoneração de Márcio Meira.
Os índios reclamaram que não foram ouvidos pelo governo quando da elaboração do decreto e que também que não conseguem conversar sobre outros assuntos de seu interesse. Carlos Pankarone, representante da etnia Pankarone, de Pernambuco, disse que, se não forem resolvidas as três questões, os índios poderão adotar medidas duras, como o corte de transmissão de energia elétrica.
O líder Jocelio Xucuru, também de Pernambuco, que se apresentou a Marco Maia como um guerreiro em busca de soluções rápidas para os problemas, chegou a fazer ameaças: "Se não resolverem nossos problemas, podemos derrubar torres de transmissão elétrica e deixar muitas cidades sem energia, e aí os brancos vão culpar a gente".
Tramitam na Câmara dois projetos que pedem a revogação do decreto que reestrutura a Funai. De autoria dos deputados Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e Mauro Nassif (PSB-RO), as duas propostas estão tramitando nas comissões técnicas da Câmara e só depois serão levadas a votação no plenário. Hauly e Nassif participaram das negociações com os índios que foram à Câmara.
Marco Maia pediu aos indígenas que conversem com os líderes partidários sobre a possibilidade de rejeição de emenda à Medida Provisória (MP) 472, que está na pauta de votações. Segundo os índios, a emenda, colocada no texto da MP pelo Senado, prejudica as etnias de todo o país, porque tira da Funai pessoas habituadas a defender os temas de interesse da comunidade, ao propor a criação do Conselho Nacional de Políticas Indígenas em substituição à atual Comissão Nacional de Política Indigenista.
Os índios ameaçaram partir para a briga, caso a emenda seja aprovada.

Alguns dias depois, para ser mais exato, 26 de maio de 2010, que:

A sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, foi invadida no começo da tarde desta quarta-feira (26) por representantes de 23 etnias. O grupo, formado por cerca de 300 índios, quer a saída do atual presidente da entidade, Márcio Meira.
Integrantes da Força Nacional estão no prédio para manter a segurança no local. Durante a tarde, um novo presidente foi nomeado simbolicamente pelos índios. Os indígenas prometem permanecer na sede da entidade até a nomeação definitiva de Araão Araújo Filho como presidente da entidade.
Além da deposição do atual presidente, o grupo também cobra mais ações do governo federal para melhorias nas aldeias e reclama do fechamento de postos da Funai. A fundação alega que cumpre um plano de reestruturação. Com a chegada dos índios no local, os funcionários foram liberados do trabalho. O presidente na Funai, Márcio Meira, não estava no local para conversar com os indígenas.
Assim que chegaram, os índios ocuparam o auditório da Funai, onde fizeram uma série de reuniões com alguns servidores da Funai que permaneceram no local. Por volta das 16h30min, os índios deixaram o auditório. Na frente do prédio, cantaram o Hino Nacional e fizeram uma cerimônia chamada Cafurna, que marcou a escolha do advogado Araão Araújo Filho como presidente simbólico da Fundação.
O advogado é integrante da Tribo Gajajara, do Maranhão, mas atua no Rio de Janeiro. A nomeação de Araão no cargo ainda depende de uma portaria que precisa ser publicada pelo Ministério da Justiça.
" Nós entramos pacificamente. Não queremos romper nada da legalidade. Apenas queremos que os direitos dos índios sejam preservados", disse o presidente nomeado simbolicamente pelos índios.

Fonte : G1

Pergunto-me até onde vai à representatividade para esses povos. Doze ou quinze etnias discutindo e protestando. Pedindo o que? Penso nos índios que realmente vivem nas aldeias, o que eles devem pensar de toda essa confusão? E porque não podemos chamar tais manifestações de pacificas e moderadas. Devemos nos perguntar se pelo menos os índios que vivem realmente nas aldeias estão sabendo de tais fatos e compartilhando de todas as opiniões colocadas nesses manifestos ou se tais ações são protestos de uma pequena minoria insatisfeita.

A reestruturação da FUNAI é um progresso em tal órgão que vem a mais de 30 anos lutando pelos povos indígenas no Brasil. O que seria dos mesmos caso não existisse a FUNAI? Estaríamos vivendo como os norte-americanos e seus “nativos”?

Não estamos em contos de fadas, como Pocahontas, ou imaginando o Bom selvagem, estamos falando de povos inteiramente diferenciados e específicos, com culturas, economias e manifestações totalmente distintas das nossas. A consulta sobre a reestruturação foi feita aos índios que vivem nas aldeias, indivíduos que estavam em suas aldeias quando as conversas foram realizadas, as mesmas não foram realizadas em meses, em semanas, mas sim em anos de estudos, pesquisas e ações que ajudaram a FUNAI a compreender como os povos indígenas viviam, vivem e pretendem viver, levando em consideração principalmente o respeito frente a essas comunidades. Noto que essa “conversa” de invasão, protesto, é algo minoritário e não um movimento indígena real, o qual tenha a participação da maioria das comunidades indígenas do Brasil. A representatividade entre os povos indígenas do Brasil e do Mundo é algo que a Antropologia vêem discutindo a pouco mais de um século.

Nenhum comentário: