O Yaõkwá, ritual dos índios Enawenê Nawê, do norte do Mato Grosso, pode ser inscrito no livro de Registro de Celebrações, conforme publicado no Diário Oficial da União, de 25 de maio A celebração de 2009 foi prejudicada pela falta de peixes atribuída às mudanças climáticas e à construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas no Rio Juruena. A Funai teve de comprar os peixes para a realização do ritual. Em 2010, não foi muito diferente.
Informação publicada no Diário Oficial da União em 25 de maio informa a intenção do Iphan em reconhecer o ritual Yaõkwá, do povo indígena Enawenê Nawê, do norte do Mato Grosso, como patrimônio cultural do Brasil.
Em se tratando de um ritual ameaçado, a inscrição no livro de Registro de Celebrações vem em boa hora. Iniciativa do Iphan em parceria com a Operação Amazônia Nativa (Opan) e a Vídeo nas Aldeias registrou em vídeo, o Yaõkwa, o ritual indígena mais longo na Amazônia brasileira. Com base na pesca no Rio Juruena, o ritual quase não aconteceu no ano passado porque os peixes desapareceram. De acordo com os índios, o sumiço se deu por alteração no período de chuvas, que se estendeu além do normal, e os peixes não subiram o rio depois da piracema. Não foi escassez como já aconteceu em outras ocasiões. No ano passado, os peixes desapareceram.
Além das alterações climáticas, os índios atribuem o fato à construção de uma Pequena Central Hidrelétrica Telegráfica (PCH) no Rio Juruena, uma das previstas no Complexo Hidrelétrico do Juruena, que naquela época nem estava em funcionamento ainda.
| Em 2009, os Enawenê esperaram dois meses pela subida dos peixes e como isso não aconteceu, a Funai conseguiu que a construtora da PCH, o Consórcio Juruena, pagasse R$ 20 mil reais para comprar três toneladas de tambaqui de criatório, para que se iniciasse a parte mais importante do ritual. Este ano, os Enawenê Nawê não fizeram a barragem. Desta vez por luto em razão da morte de um de seus líderes, e novamente a Funai comprou o peixe. Entretanto, apesar de o período de chuvas deste ano ter sido normal, os peixes continuam minguando. “Os indígenas saem para pescar e voltam reclamando que não tem peixe e que as águas do rio estão muito sujas”, relata a indigenista da Opan, Juliana de Almeida, que trabalha com os Enawenê. Especialistas em barragens, os Enawenê iniciam o ritual na época das cheias em janeiro, quando coletam o material necessário à construção das waiti (as barragens) que se estendem de um lado a outro do rio. Utilizam tramas de cestos e troncos para filtrar a água do rio. No ano passado, o ritual teve de ser compactado. A construção das PCHs no Juruena provocou conflitos entre os índios, as construtoras e o governo do Mato Grosso. Por conta disso, 120 índios ocuparam e incendiaram o canteiro de obras da PCH Telegráfica em outubro de 2008, instalado na cidade de Sapezal, a 430 quilômetros de Cuiabá. Mas em março de 2009, acabaram assinando com outros povos indígenas daquela região um acordo de compensação envolvendo um milhão e meio de reais pela construção de oito PCHs naquele rio. O Plano de Compensação foi duramente criticado e ridicularizado por especialistas. Saiba mais. Veja post de Vincent Carelli no Blog do ISA no Portal Globo Amazônia. Leia mais sobre os Enawenê Nawê. |
ISA, Instituto Socioambiental. |

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